Equipo de fútbol

Há 17 anos, criei um equipo de fútbol com alguns parceirinhos que conheci. Eles participavam de uma creche em Tarija, Bolívia, e eu estava por lá, passando uns dias e ajudando no que fosse necessário.

Em uma das tardes, depois de concluir alguma atividade — que não me lembro qual era —, achei uma bola de futebol escondida em meio a alguns entulhos e a trouxe para perto das crianças. A maioria não deu atenção, mas três niños pararam o que estavam fazendo e vieram até mim.

Perguntei a eles, utilizando meu espanhol capenga:

— ¿Vamos a jugar fútbol?

Eles continuaram parados, me olhando. Seus olhos reluziam, mas eles não falavam e nem sorriam. A única expressão que existia era aquele brilho, que, como estrelas no céu, iluminava seus rostos e meu coração.

Coloquei a pelota no chão e começamos a jogar. A parede era o gol, eu era o goleiro e eles, os atacantes. A cada gol, seus bracinhos se erguiam, porém, não gritavam nem sorriam.

Passamos duas semanas jogando, até que chegou o dia da despedida, que nos obrigou a desfazer nosso promissor time vencedor.

Nunca me esqueci dessa molecada e nunca mais tive notícias deles. Só sei que, por um curto período, fomos um equipo de fútbol latinoamericano.

Deixe seu olhar sobre o que leu.

O que ficou em você também faz parte da história.